“Diálogo sobre Patrimônio Cultural e Natural” foi
organizado pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais de Foz do Iguaçu
Professoras da UDC, UNILA E UNIOESTE fizeram
explanações durante o encontro
O
Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) realizou durante a 10ª. Feira Internacional
do Livro um “Diálogo sobre Patrimônio Cultural e Natural”, na manhã desta
segunda-feira, 08 de setembro. Participaram do encontro gestores públicos,
representantes de entidades, produtores culturais, artistas, professores e
estudantes. O evento foi conduzido pelo presidente do CMPC, Paulo Bogler e
pelas professoras
Renata Machado, da UNILA, e Silvia Betat, da UDC,
com a mediação de Ivanete Schumann, da UNIOESTE.
Ivanete
Schumann, turismóloga, abriu o evento, detalhando sobre a metodologia e importância
do encontro. “Nosso diálogo não é novo, há muitos anos falamos nisso, mas temos
alguns entraves, e a participação da comunidade é fundamental”, disse. “Esta
reunião é bastante importante para que outras pessoas discutam o tema, não
somente os membros do Conselho de Cultura”, completou.
Os
participantes foram divididos em 5 grupos, com os eixos: Patrimônio Material (edificações,
arquitetura e monumentos); Patrimônio Material (focado em objetos de memória); Patrimônio
Imaterial (práticas culturais, costumes da comunidade); Patrimônio Imaterial (saberes
e religiosidade) e Patrimônio Natural.
A
socióloga Renata Machado abordou os conceitos gerais sobre patrimônio,
salvaguarda e aspectos legais e, durante
sua exposição, ressaltou: “é um tema de grande importância para estruturar
nossas identidades, a nossa visão de quem somos, aonde estamos”. “Apesar de
termos uma lei, ela é muito antiga, de 1990; e nós não temos ainda em Foz a
identificação e o registro de nenhum bem; hoje, estamos em um processo de
revisão da legislação, com uma série de reuniões, sempre abertas ao público, com
o objetivo de ampliar o diálogo, para
que tenhamos uma compreensão sobre patrimônio mais ou menos partilhada, e
assim, termos uma contribuição da comunidade sobre o tema”, opinou.
Silvia Betat, arquiteta e urbanista, falou sobre patrimônio
material, imaterial e processo de tombamento. Explicou que o patrimônio
material é muito mais fácil de ser visto, citando prédios, edificações. “Só que
não é só isso; às vezes, é o conjunto, é a paisagem que identifica a história
de uma cidade, que se modificada, descaracteriza essa referência das pessoas”. “Também
temos o patrimônio material que é móvel, como os quadros, objetos, fotos,
livros, coleções que podem ser levadas de um local ao outro. E também temos os
bens naturais, como uma paisagem, um parque, uma praça, ou uma árvore.” “É esse
debate que faz com que a comunidade traga elementos para que a lei não seja
algo estritamente técnico”, enfatizou.
Tombamento – Segundo
Silvia, “o tombamento só é visto como um problema quando se desconhece o tema;
trata-se de um procedimento de registro de um determinado bem material, que é inscrito
em um livro tombo – palavra que vem de Portugal, que, do ponto de vista
jurídico, significa registrar, arquivar, conservar.” “O que deve ser preservado
tem que ser importante para todos, para a coletividade”. “Existem algumas
formas que precisam ser discutidas, quais serão utilizadas na lei de patrimônio
de Foz do Iguaçu, para que todos saiam ganhando”. “O tombamento não é um
problema, é uma solução”, declarou a arquiteta.
Gresfi
– O presidente do Gresfi, Julio Cesar Garcia Barros, participou
do evento e relatou sobre o seu desejo de preservar a edificação do clube, que
foi o primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu. “Não temos recursos, mas o Gresfi é
um patrimônio histórico-cultural; minha ideia é fazer um museu aeronáutico, de
telecomunicações; poderíamos, inclusive, conseguir a doação de um avião usado, para termos
como monumento no local”. Barros defendeu ainda a retirada do muro em frente ao
prédio. “A fachada tem que ser exposta, devemos tirar aquele muro, para que a
edificação esteja visível. O Gresfi é um patrimônio de todos e precisa ser
preservado”.
Julio Cesar Garcia Barros, presidente do Gresfi, defendeu a preservação do clube como patrimônio histórico-cultural
Paulo Bogler citou a importância de se ampliar o diálogo. “A
intenção deste diálogo é de incluir outros segmentos e pretendemos realizar
mais um encontro de fechamento da alteração da Lei 1.500, já com o texto
incluindo as contribuições de hoje, da primeira oficina e também com uma
comissão do conselho que tem se reunido de maneira mais sistemática”. “A lei
original trata apenas de tombamento e isso não é suficiente para abarcar todos
os elementos de preservação do patrimônio cultural da cidade; a legislação deve
integrar o patrimônio natural, material, imaterial, as expressões,
manifestações, falas, saberes; queremos incorporar tudo isso na lei; além
disso, queremos criar um fundo e assim, termos recursos para que essa política
seja implementada”.
Museu
– Bogler adiantou que “é necessário ainda definirmos uma
política de educação patrimonial nas escolas públicas, e também um sistema de
registro do acervo artístico, memorial, do acervo que não se inclui na etapa de
tombamento”. “E, por último, queremos sinalizar na lei que a cidade precisa
urgentemente constituir um equipamento de salvaguarda, de um museu, que tem que
ser o mais amplo possível, e que consiga abraçar toda essa complexidade da
cultura, da história, da memória da cidade, que espelhe um pouco essa
diversidade que é Foz do Iguaçu”, concluiu.
Texto e fotos: Elaine Mota
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