segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Comunidade discute patrimônio cultural e natural na Feira do Livro

“Diálogo sobre Patrimônio Cultural e Natural” foi organizado pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais de Foz do Iguaçu


Professoras da UDC, UNILA E UNIOESTE fizeram explanações durante o encontro

O Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) realizou durante a 10ª. Feira Internacional do Livro um “Diálogo sobre Patrimônio Cultural e Natural”, na manhã desta segunda-feira, 08 de setembro. Participaram do encontro gestores públicos, representantes de entidades, produtores culturais, artistas, professores e estudantes. O evento foi conduzido pelo presidente do CMPC, Paulo Bogler e pelas professoras Renata Machado, da UNILA, e Silvia Betat, da UDC, com a mediação de Ivanete Schumann, da UNIOESTE. 

Ivanete Schumann, turismóloga, abriu o evento, detalhando sobre a metodologia e importância do encontro. “Nosso diálogo não é novo, há muitos anos falamos nisso, mas temos alguns entraves, e a participação da comunidade é fundamental”, disse. “Esta reunião é bastante importante para que outras pessoas discutam o tema, não somente os membros do Conselho de Cultura”, completou.

Os participantes foram divididos em 5 grupos, com os eixos: Patrimônio Material (edificações, arquitetura e monumentos); Patrimônio Material (focado em objetos de memória); Patrimônio Imaterial (práticas culturais, costumes da comunidade); Patrimônio Imaterial (saberes e religiosidade) e Patrimônio Natural.

A socióloga Renata Machado abordou os conceitos gerais sobre patrimônio, salvaguarda  e aspectos legais e, durante sua exposição, ressaltou: “é um tema de grande importância para estruturar nossas identidades, a nossa visão de quem somos, aonde estamos”. “Apesar de termos uma lei, ela é muito antiga, de 1990; e nós não temos ainda em Foz a identificação e o registro de nenhum bem; hoje, estamos em um processo de revisão da legislação, com uma série de reuniões, sempre abertas ao público, com o objetivo de  ampliar o diálogo, para que tenhamos uma compreensão sobre patrimônio mais ou menos partilhada, e assim, termos uma contribuição da comunidade sobre o tema”, opinou.

Silvia Betat, arquiteta e urbanista, falou sobre patrimônio material, imaterial e processo de tombamento. Explicou que o patrimônio material é muito mais fácil de ser visto, citando prédios, edificações. “Só que não é só isso; às vezes, é o conjunto, é a paisagem que identifica a história de uma cidade, que se modificada, descaracteriza essa referência das pessoas”. “Também temos o patrimônio material que é móvel, como os quadros, objetos, fotos, livros, coleções que podem ser levadas de um local ao outro. E também temos os bens naturais, como uma paisagem, um parque, uma praça, ou uma árvore.” “É esse debate que faz com que a comunidade traga elementos para que a lei não seja algo estritamente técnico”, enfatizou.

Tombamento – Segundo Silvia, “o tombamento só é visto como um problema quando se desconhece o tema; trata-se de um procedimento de registro de um determinado bem material, que é inscrito em um livro tombo – palavra que vem de Portugal, que, do ponto de vista jurídico, significa registrar, arquivar, conservar.” “O que deve ser preservado tem que ser importante para todos, para a coletividade”. “Existem algumas formas que precisam ser discutidas, quais serão utilizadas na lei de patrimônio de Foz do Iguaçu, para que todos saiam ganhando”. “O tombamento não é um problema, é uma solução”, declarou a arquiteta.

Gresfi – O presidente do Gresfi, Julio Cesar Garcia Barros, participou do evento e relatou sobre o seu desejo de preservar a edificação do clube, que foi o primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu. “Não temos recursos, mas o Gresfi é um patrimônio histórico-cultural; minha ideia é fazer um museu aeronáutico, de telecomunicações; poderíamos, inclusive,  conseguir a doação de um avião usado, para termos como monumento no local”. Barros defendeu ainda a retirada do muro em frente ao prédio. “A fachada tem que ser exposta, devemos tirar aquele muro, para que a edificação esteja visível. O Gresfi é um patrimônio de todos e precisa ser preservado”.


Julio Cesar Garcia Barros, presidente do Gresfi, defendeu a preservação do clube como patrimônio histórico-cultural

Paulo Bogler citou a importância de se ampliar o diálogo. “A intenção deste diálogo é de incluir outros segmentos e pretendemos realizar mais um encontro de fechamento da alteração da Lei 1.500, já com o texto incluindo as contribuições de hoje, da primeira oficina e também com uma comissão do conselho que tem se reunido de maneira mais sistemática”. “A lei original trata apenas de tombamento e isso não é suficiente para abarcar todos os elementos de preservação do patrimônio cultural da cidade; a legislação deve integrar o patrimônio natural, material, imaterial, as expressões, manifestações, falas, saberes; queremos incorporar tudo isso na lei; além disso, queremos criar um fundo e assim, termos recursos para que essa política seja implementada”.

Museu – Bogler adiantou que “é necessário ainda definirmos uma política de educação patrimonial nas escolas públicas, e também um sistema de registro do acervo artístico, memorial, do acervo que não se inclui na etapa de tombamento”. “E, por último, queremos sinalizar na lei que a cidade precisa urgentemente constituir um equipamento de salvaguarda, de um museu, que tem que ser o mais amplo possível, e que consiga abraçar toda essa complexidade da cultura, da história, da memória da cidade, que espelhe um pouco essa diversidade que é Foz do Iguaçu”, concluiu.


Texto e fotos: Elaine Mota



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