A
forma para contratação do serviço seria por meio de concessão do espaço
público, com realização de processo de licitação
Um
dos modelos de bicicleta
A
Secretaria Municipal de Turismo (SMTU) está desenvolvendo um estudo para
implantação de um projeto de compartilhamento de bicicletas, com o objetivo de
valorizar esse meio de transporte, agregando-o aos demais existentes. A forma
para contratação do serviço seria por meio de concessão do espaço público, com
a realização de processo de licitação, em que qualquer empresa pode participar,
desde que dentro das especificações necessárias.
Trata-se
de um sistema de aluguel de bicicletas, com 5 estações que seriam implantadas
em diferentes regiões da cidade, podendo ser em alguns hotéis, com até 40
bicicletas, sendo que o usuário aluga o equipamento em um local e devolve em
outro ponto. Esse sistema pode ser integrado com o transporte público, por meio
do uso do cartão único para pagamento. Após um levantamento feito previamente,
o custo varia conforme a quantidade de locações por bicicleta/dia. Em cidades
brasileiras, o valor vai de R$ 1,50 a R$ 3,00.
Pesquisas
feitas também em localidades que possuem o serviço demonstraram que a atividade
pode ser implantada mesmo que não existam ciclovias. Não é possível, na maioria
das cidades brasileiras, grandes intervenções urbanas para a construção de
ciclovias. “A consequência disso é que se formos esperar pela implantação das
ciclovias, não iríamos desenvolver, a curto prazo, essa opção de transporte e
lazer”, afirmou o secretário de Turismo, Jaime Nelson Nascimento.
Patrocínio – Para viabilizar o processo, há a
necessidade de patrocinadores, que vinculariam a imagem de suas marcas nas
bicicletas e nas estações. Algumas cidades brasileiras, como em Sorocaba, no
interior de São Paulo, optaram por não utilizar cotas de publicidade, e a
própria prefeitura bancou o projeto, sendo que o serviço é oferecido
gratuitamente. Em Foz do Iguaçu, a Itaipu Binacional, também está estudando a
implantação de compartilhamento de bicicletas, para utilização interna.
Cidades no exterior e no Brasil –
São mais
de 400 cidades com esse tipo de transporte à disposição dos interessados, entre
as quais: Londres, Paris, Nova Iorque e Barcelona. As cidades brasileiras são: Rio
de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador, Aracaju, Santos,
Petrolina, Toledo, entre outras.
No
Brasil, existem algumas empresas especializadas na implantação do serviço de
aluguel de bicicletas, entre elas a Serttel, de Recife, e a Mobhis Automação Urbana,
sediada em Cascavel e que executou o projeto na cidade de Toledo.
“Estamos
estudando a iniciativa e fazendo uma análise criteriosa a respeito, para
verificar sua viabilidade, e queremos ouvir a comunidade”, enfatizou Jaime
Nascimento. “Com uma opção de transporte e lazer para a população, acabará
sendo adotada pelos turistas também, devendo ter uma campanha de educação”,
explicou o secretário. “Não é possível mudar a cidade como um todo para a
bicicleta, mas mudar o trânsito, para que a bicicleta possa ter uma boa
convivência com outros veículos”, destacou.
Modelo de estação
Opiniões – Segundo Luciano José de Castilha,
presidente da Associação Ciclística Cataratas do Iguaçu (ACCI), “a ideia é
muito válida e se sustentaria, mas teria que fazer todo um trabalho para fomentar
isso, porque não valeria a pena ter toda uma estrutura, com estações, se a
população não adotar o uso de bicicletas”. “Outra questão seria a utilização dos
corredores turísticos, como a Av. das Cataratas, em toda a sua extensão, e mais
especificamente, do portão do parque até as cataratas”, ressaltou. Para ele,
porém, o estudo tem que ser bem embasado, “até porque temos na cidade algumas
ruas íngremes; para começar, deveria ser por exemplo, pela Paraná, para depois
ampliar”, disse. E completou: “a associação apoiaria a ideia, com certeza; o
município teria visibilidade com isso”, opinou.
Fabio Silva,
membro da ACCI, afirmou que “é uma prática muito interessante e acho que tem
público para isso; europeus que vêm para cá sentem falta desse serviço; aliás,
turistas internacionais são mais receptivos, pois é muito comum na Europa, nos
Estados Unidos e o turista nacional que vem de outros estados e que tem esse
modal nas suas cidades, teria interesse”, destacou. “Considero que é uma ação
que precisaria ter outros órgãos envolvidos para conscientização da população,
sendo que na minha concepção, o trânsito não é perigoso, o perigo é a forma
como ele é conduzido”. E completou: “o cidadão que não tem bicicleta e que quer
experimentar, vai poder ir e voltar de outro modal; se entendermos que a
bicicleta é uma opção a mais, o projeto certamente terá êxito”.
Para Roberto
Carlos Pereira, proprietário da empresa Bike Center Foz e que também aluga
bicicletas na cidade, “a ideia é boa, até porque já funciona em outras cidades
como meio de transporte, e em Foz, teria dois públicos, a população e o turista”.
Mas, para funcionar de verdade, é necessário ter estrutura, com mais ciclovias;
da forma que está, não funcionaria, senão, não há segurança; São Paulo e Rio,
por exemplo, têm milhares de quilômetros de ciclovias”, enfatizou. Pereira
declarou ainda: “a população, por cultura, não tem zelo por orelhões, lixeiras,
pontos de ônibus; então, é necessário cuidado diário, semanal”. “Além disso, as
bikes têm que estar em boas condições
e a manutenção tem que ser permanente; se o cliente pegar uma bicicleta e der
problema, não vai querer mais,” ponderou.
Gisele
Correia Pereira Kuhn, proprietária da Iguassu by Bike, empresa de locação de
bicicletas que atua em Foz há 4 anos, defendeu a iniciativa. “Acho válido, até
tenho um projeto semelhante, para que turistas e moradores pudessem percorrer
todos os pontos turísticos da cidade; sempre esperei por isso, pois uma empresa
sozinha não consegue correr atrás de patrocínios”, comentou. Ela, porém,
alertou sobre as características do relevo iguaçuense. “Foz tem muitas subidas
e descidas, e, em virtude disso, fizemos um estudo e sabemos qual é a bicicleta
necessária; inclusive, apresentei à Itaipu essa ideia.” “Quanto às ciclovias,
claro que seria o ideal, mas as ruas são ótimas; lógico que algumas necessitam
de ciclofaixa, como é o caso da JK, que diante da movimentação de carros, fica
difícil percorrê-la”, concluiu.
Texto: Elaine Mota